terça-feira, maio 22, 2007


















Mar

Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia I

3 comentários:

Isabel Victor disse...

Mudaste a paisagem deste (blog)à margem ...

:) beijos meus ***

spring disse...

a paisagem marítima é o filme perfeito dos sonhadores
bom fim-de-semana
paula e rui lima

DUARTE VICTOR disse...

As margens nunca permanecem intactas...Este blog é como a orla marítima, não se contenta com a sua forma. Bjs e abraços